Há muitas amarras em mim. Me segurando, me suspendendo e
me agarrando. Escrevo com pressa isto tudo aqui porque em breve elas vão cair. Mas,
por horas, as que mais doem são as que
quero extinguir.
Sem espaço para ser mais e para crescer, vim encolhendo a
alma, fechando as asas da consciência e trancando as portas do coração. Não há
boca que diga para mim que eu devo ir sem olhar para trás. Todas as vozes que
chegam até meus ouvidos estão carregadas de cuidados, de relatos de perigos já
passados e sem força para um novo futuro.
São vozes cansadas, bocas que já se fecharam diversas
vezes e que estão apenas replicando conselhos que lhe foram ditos antes. Todas
elas são ecos de desistências. Folhas arrancadas de agendas coloridas.
Histórias apagadas por medos.
Quando a tesoura está na mão, afiada e pronta para cortar
isso tudo que me prende, eu travo e só penso: “E se eu cortar e cair? E se nada
mais me manter suspensa no ar?”. Acaba tudo aí. Acaba por voltar a ser tudo
igual. Eu. As amarras. A tesoura caída. Eu não sei flutuar, só sei cair. Sem final
pra mim.