Espalhando aqui este texto absolutamente pertinente, que cabe há muitos de nós.
[Ivan Martins]
Tem gente que acredita em destino. Eu acredito que é o acaso quem rege a nossa existência de forma quase absoluta.
Penso no encontro acidental dos nossos pais, no desejo que poderia não
ter surgido entre eles, no espermatozóide que chegou à frente de milhões
de outros na corrida mais importante das nossas vidas. Quanto disso foi
planejado? Nada, assim como costumam ser acidentais os nossos próprios
encontros amorosos, a concepção dos nossos filhos e as circunstâncias
imprevistas que nos levam a fazer amigos importantes, escolher carreira e
definir a cidade onde iremos morar.
O imprevisto invade a nossa vida enquanto no debruçamos cheios de planos sobre o calendário do ano que vem.
Acho o acaso tão importante que defendo que ele deveria ser incorporado
aos nossos critérios de eleição afetiva. Não adianta observar os
candidatos a parceiros apenas em situações controladas, como se o amor
fosse um experimento de laboratório. Se o sujeito a convidou para
jantar, teve três dias para arranjar as coisas e aparece (cheiroso e bem
vestido) com uma rosa vermelha e reservas para o bistrô mais concorrido
da cidade, ponto para ele por Organização & Método – mas isso não
deveria encerrar o período de observação.
Para saber quem realmente é o cara, melhor seria estar com ele na noite
em que o pneu do carro furasse na Marginal. Ele respira fundo, sorri
para você e desce para resolver o assunto ou, tudo ao contrário, se põe a
dizer palavrões em voz baixa e reclamar que não deveria ter saído de
casa – culpando você, indiretamente, pelo contratempo?
Qualquer mulher pode ser encantadora num fim de semana de outono no Rio
de Janeiro em que não haja uma brisa fora de lugar, mas como ela reage
quando a companhia aérea perde as malas e vocês ficam com a roupa do
corpo em Buenos Aires, num frio de 11 graus? Eu gostaria de saber essas
coisas antes de me apaixonar.
Se o futuro pudesse ser desenhado numa planilha Excel, o melhor a fazer
por si mesmo seria conquistar a analista de sistemas mais atraente da
empresa e fazer dela a mulher da sua vida, mas nós sabemos que as coisas
não são tão simples. Num mundo dominado pelo acaso, é importante ter ao
seu lado alguém capaz de lidar com os imprevistos e as frustrações,
porque eles vão se repetir o tempo inteiro. Planejar não é suficiente
para ser feliz!
Teoria do "acaso" bem interessante! Mas prefiro acreditar que tudo está escrito, que as coisas acontecem em nossa vida por uma razão. Acredito que a pessoa certa (homem ou mulher) já está previamente incumbida de nos encontrar, assim como os amigos pelos quais nos apaixonamos profundamente sem saber como explicar. Enfim, algo místico chamado destino...acredito que é isso que rege nossas existências! (Excelente texto) ;)
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