Tem situações que nos marcaram a vida, nos preencheram os
dias e ocuparam nossa mente de uma forma tão forte que quando pesam demais no
nosso coração a gente sai como se estivesse fugindo para não ver como acabou. Porque
chegou mesmo ao fim, mas não quisemos sentir a dor e nem aguentar as pulsações
que iam terminar dilacerando nossas ilusões.
Longe de mim sofrer tudo isso na hora do fim, eu deixo para
depois. Deixo para o tormento se apossar do que resta de mim mais a diante,
fazendo com que meu coração seja pisado homeopaticamente até minha alma estar
suspensa no ar.
Igual aos filmes, fujo com o sorriso no canto da boca, uma
lágrima de enfeite para sedução e esmagando meus desejos entre os dedos. Escondido
em mim há um despenhadeiro em que me jogo quando estou sozinha, todo dia, depois
de forjar alegrias para a multidão.
Entre pedidos de desculpas e promessas de um futuro melhor,
respiro até o extremo da minha paciência, desejando um fim indigno para teu
coração que bate em frente a mim. Digo, forçando mais alguns suspiros, que
entendo tudo. Da porta para fora do carro, meus punhos cerrados agridem com o
ar de uma uma forma que eu não soube agir em palavras.
Sigo falsa, dissimulada e fraca. Não sei soltar as panteras
que me rasgam a alma e calar os milhões de lobos que uivam em meu peito. Ainda
espero chegar o dia de ousadia desmedida
para gritar o quanto eu não estava errada e, que a culpa de tudo, sempre foi tua.
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