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domingo, 5 de agosto de 2012

dando uma volta com o tempo

Se hoje a nossa geração não vê mais o sexo como um tabu a ser quebrado, se quase ninguém se espanta ao ver meninos e meninas beijando o máximo de bocas que conseguirem, pelo simples prazer de experimentar o novo. Se hoje vemos cada vez mais jovens se alienando por causa do consumo desequilibrado das drogas, isso tudo começou com quem hoje nos prega o conservadorismo e julga como indecente a sociedade formada pelos jovens do século XXI. São eles, nossos pais, tios e avós.
Não que eles estejam errados ao apontar o que é certo e advertir sobre o que é errado. E muito menos são eles os culpados pelo auto índice de mães solteiras, de adolescentes mortos no trânsito ou do grande número de pessoas que ainda acham o ato fumar o máximo. Longe disso! Mas devemos lembrar que foi no tempo em que eles eram jovens que o cigarro fazia moda e que o lema ‘sexo e drogas’ guiava uma geração inteira.

Hoje se uma menina aparece grávida e sem um pai para a criança, coitada! A sociedade cai em cima e a família entra em caos. “Um horror!”, diriam os moralistas de plantão. Mas o esquisito é que ninguém estranha porque nossas avós ou bisavós casavam tão cedo. Com 15 ou 16 anos já tinham filhos e marido. Aos 30, já estavam cuidando dos netinhos. Porque será? O simples fato de que hoje as coisas acontecem às claras não é motivo para deixar de questionar o passado de perversões dos nossos meigos velhinhos.

Mais do que nós, nossos pais tiveram uma juventude, digamos, animada. Eles curtiram o auge da liberdade sexual, queimaram sutiãs e clamaram por paz e muito amor. O que foi Woodstock? Mais que um conhecidíssimo festival de música, foi também uma celebração dos prazeres. Jovens de todo o mundo, raças e níveis sociais dizendo: “Faça amor, não faça a guerra”. Três dias com o melhor do rock, sexo a céu aberto e muita, muita droga. Quanta dignidade!

Nossos ídolos ainda são os mesmos. Ou quase! Trocamos a ‘sex-symbol’ Marilyn Monroe, pela estonteante, e também provocante, Madonna. O requebrado de John Travolta, pela saliente ousadia de Justin Timberlake. As canções de protesto de Roberto Carlos e companhia, pela crítica de Marcelo D2.

O conflito entre gerações permanece forte. Nossos pais, tios e avós nos deixaram uma herança moral e cultural bastante enérgica e tumultuada. Estariam eles lutando para que nós, os jovens do momento, não repetíssemos os mesmos abusos que eles cometeram no passado? Quem sabe, no futuro posamos ter autonomia ao criticar as atitudes erradas de nossos filhos, sem pregarmos falsa moral, evitando assim de concordar com a frase imortalizada pela voz de Elis Regina: “Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos, e vivemos como nossos pais”.

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