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sábado, 26 de janeiro de 2013

Incontáveis formas de se divertir

Das memórias que tenho, as mais fortes são aquelas em que a trilha sonora era composta de risos e os efeitos especiais ficavam à cargo dos raios de sol e dos pingos d’água. Sem sair de casa, eu vivia as minhas maiores aventuras de verão. E sempre foi tão simples!

Enquanto a maioria dos meus amigos contavam sobre as horas que aguardavam dentro do carro até chegar ao paraíso feito de água e areia, eu me perdia em pensamentos de estranheza ao lembrar que só precisava sair correndo para o pátio, por vezes até sem tempo de tirar os chinelos. 

A rotina de quem faz seu próprio mundo ter a graça deseja é mesmo encantadora. Precisa-se de muito pouco para se ter tudo, e ainda mais! Dos desejos de uma realidade melhor se formam, a intensidade toma conta e promove incontáveis formas de se divertir. Melhor ainda quando o cenário é um grande pátio cheio de amigos, mangueiras que se transformam em divertidos chafarizes e uma tarde ensolarada de uma cidade que só conhece o mar pelas histórias de quem viaja.


Um oásis era construído em instantes e a magia acontecia. Sem preocupar nossos pais com gastos de biquínis ou sungas estilosas, mantínhamos em trajes mínimos e já bem gastos. Para os menores, a alegria da liberdade dos tecidos e elásticos estava garantida. Eles podiam tudo! Até fugir do bombardeio do arsenal de bichiguinhas que eram cuidadosamente enchidas na torneira e lançadas, sem piedade, em quem estivesse na nossa versão de um mundo em guerra. Corriam perninhas curtas por volta da casa em busca de proteção e um melhor ponto de vista para a mira certeira ao alvo.

E como inventávamos maneiras de burlar os constantes pedidos de cuidado que eram emitidos por nossos pais. A palavra cuidado soava como uma corda que não nos deixava fazer nada e nos mantia intactos em cadeiras. Queríamos era deixar as marcas de pisadas molhadas pelo piso da casa, atiçar nossas emoções e sentir a graça de nos refrescarmos como as plantas em dias secos.

Mantenho tudo isso vivo, para sempre correr o risco de me perder nessas memórias de quando eu tinha tudo o que vim buscar hoje: a paz de, nas tardes vazias, encontrar o melhor dos mundos sem precisar forçar sorrisos e traçar metas pra realizar sonhos. Por isso, quando chega o tempo do Verão reinar, preparo-me pro melhor de mim que vem junto com os instantes de sol a pino, filas pra se tomar um sorvete e o regozijo que um banho de mangueira pode me trazer.


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