É “[...] tempo de
ler nas poesias o amargor das frutas envenenadas”. Isso é que o
jornalista/escritor Juremir Machado da Silva escreveu em um de seus livros
(‘Viagem ao Extremo Sul da Solidão’, pra ser mais exata).
É tempo sim. Ainda mais pra quem é apegada ao drama como
eu. Mas isso não é triste e nem ruim. O que significa aqui é a intensidade das
coisas que sentimos. Acredite, isso é bom demais. É a maneira que nos faz ser
mais reais... mais humanos.
Um tanto de sofreguidão ajuda, mas não vamos exagerar.
Querer que o chão caia por vezes e que os ventos mudem nossas nuvens de lugar é
torcer por uma mudança. Não que ela seja sempre maravilhosa, afinal é uma
necessidade natural passar por momentos de aridez. Faz valorizar e ajuda muito
a crescer.
Temos essa mania chata de querer que o arco-íris apareça
antes da tempestade. Sem essa, meus caros. De que jeito valer-se das boas
coisas dessa vida se não há um esforço. Nunca foi assim e nunca será. É o
destino olhando com desdém e nos apontando enquanto diz: “Conviva com isso!”
Como proceder? Não sei! E quem souber, tenha toda a
bondade de vir me contar. Se é pra estar num momento de intervalo entre o bom e
o muito bom...vamos mesmo acreditar que pode ser gostoso aproveitar deste
‘amargos das frutas envenenadas’ ou que é motivador ler as coisas que não
gostamos muito.
E para constar, vai um outro escrito deste mesmo livro
Juremir que tanto me delira: “Tudo faz
sentido quando a alma rasga o peito dos inconscientes, arromba o palácio dos
vivos e escapa nas ruas barrentas onde transitam fantasmas sem carteira
assinada. [...] Descobrimos então que viemos expressamente para não saber aonde
ir”.
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