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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

sobre estar um tanto nua

Inventei de me dar uma folga. Passar um tempo passando o tempo a limpo. Vagarosa ideia, esta que eu tive, de me libertar do que me afogava e me deixava sem vontade. 

Foi me entregando às muitas das minhas vontades que segui em frente no labirinto que montei nestes anos todos. E, nossa, são tantos caminhos e voltas que tenho feito. Parece que não é tão fácil assim me desvencilhar de todas as amarras e ideias presas a mim. 


Decidi  fechar os olhos e confiar...em mim, nos outros, no caminho. Fiz o que muitos deixam para trás ou escondem que já fizeram igual: me escondi. 

Por agora, tenho meus dedos tapando meus olhos e meus ouvidos já andam surdos das batidas do meu coração. Pois bem, é este insistente coração que eu ainda não tive como dar jeito. Não há doma ou armadilha que o faça-me guiar em outra direção. Ou então, meios de fazê-lo seguir outros ritmos. 

Queria estabelecer uma outra forma de ser, e de poder ser mais os outros. Por menos heróico que seja admitir, eu já tentei.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

sobre madrugadas vazias

As madrugadas têm sido mais e mais barulhentas e agitadas. Sem ter ruas para correr, pistas para desfilar ou outros corpos para descobrir; minha mente insiste em perturbar as noites de sono.

Acordo pesada como se a dose de vodka que eu não tomei ainda martelasse minha cabeça. E não é de tanto dançar que minhas costas, tensas, se curvam sobre as pernas que bambeiam sem que ninguém as tenham feito tremer.

Minhas manhãs têm sido de dúvidas em saber que sonho me pular de uma cama que eu mesmo baguncei de tanto empurrar os lençóis. E às vezes que não foram nem o despertador ou o sol invadindo meu quarto que me tiraram do vazio do sono, e sim eu mesma gritando. Se era uma briga, uma ordem, um pedido de socorro ou um desejo satisfeito nunca consigo saber.

Talvez sejam meus planos inacabados ou as vezes em que deixei pairando no ar muitos sentimentos. O que é certo é que isso de não estar em paz, ainda me pesa a alma.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

de como viramos joías de pedra

Quantas memórias que nos machucaram podemos guardar? O coração tem algum prazo para deixar de manter sentimentos vazios mofando suas paredes? E a nossa alma, por quanto tempo ela consegue se desvincular das mentiras que nos foram contadas?

Já esqueci  quem me disse que tinha entrado em minha vida para 'consertar o que estava quebrado' ou daquele que me sussurrou que 'era por mim que ele ainda continuava a respirar'. Fiz esse favor a mim, apagar os nomes de todos. Mas as suas vozes, seus recados e as tantas palavra jogadas como flechas para o meu peito... dessas não há jeito de me livrar.

Porque insistem tanto em brincar em um jogo do qual sabe que não irão até o fim? Qual a justificativa de plantar flores em um terreno que não estarão (e nem querem estar) para a colheita? E o que resta de tudo isso já sei bem: peças quebradas em um tabuleiro esquecido e flores murchas que foram regadas a lágrimas.

E, foi assim, de abandono em abandono, que comecei a trajar armaduras mais resistentes e menos ornamentadas para, em meu castelo com paredes vazias de cores e de quadros, receber meus amores.


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

do que deixamos para trás

Cada gaveta que eu tranco, é um sentimento encurralado. Tem sido assim nos últimos anos: escondo lembranças para que eu possa viver em paz com os outros, porque de mim já desisti. Mas, as memórias das coisas que ando escondendo parecem não querer desbotar. Minha consciência e meu erros acumulados não dão trégua e continuam a amarrotar meus dias. 


As lembranças, de tão vivas, parecem pessoas que me param na rua perguntar se eu me lembro delas. "Não quero", eu digo. É tudo em vão. .elas me puxam pelo braço, me encaram de um jeito assustador e eu reconheço: sou fraca. Reviro essas gavetas com a intenção de encontrar alguma coisa que não seja minha, algum sinal alheio, um erro que não seja meu e que veio parar ali porque peguei a culpa de outro. Mas não tem jeito, tudo neles são meus, gritam meu nome e se agarram a mim como se quisessem existir de novo. 

As chaves bamboleiam nas minhas mãos, quero trancar logo esses absurdos e fugir. Sair o quanto antes de perto para que não vejam que sou eu. Eles não precisam se mostrar para ninguém, porque todas as horas eles vêm me visitar. E como são barulhentos!


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Das nossas iguais diferenças!

Desigual. Eis uma boa definição para o País em que vivemos, desigual para com o seu povo. Encaramos, sem cerimônia, uma sociedade que é moldada pelo seu meio.

Das tantas diferenças, a social ainda é a que mais mutila o futuro de muitos. É nela que se escondem um sem fim de desigualdades. A baixa (ou quase nenhuma) condição financeira se espreita aqui, trazendo de arrasto a privação de cuidados com a saúde.

O meio que molda o homem é, neste caso, um meio precário e nada sadio. Da pobreza social e financeira geram carências orgânicas, cognitivas e de ordem sanitária que repercutem em lacunas intelectuais. Precisamos, sim, de mais comida. 

Temos uma fome que só pode ser saciada com pratos fundos de qualidade de vida e fartos de políticas públicas. Para daí sim, tratarmos de porcentagens positivas e avaliações de um futuro melhor.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

de não saber terminar


O coração anda pesado, tão pesado que dói. Não era para ser assim, estava tudo resolvido, esquematizado e pensando: não ia doer, a gente terminou, eu ia dormir e tudo passar. Até que passou e eu ignorei as dores e dramas que todos insistem em mostrar que carregam. Mereci até um troféu de melhor sorriso falso e de melhor efeito especial de um coração intacto. Durou tão bem por um tempo que até pensei em revelar minhas fotos dançando livre pela noite.

Mas não durou o bastante, até que eu me curasse de vez e parasse de usar band-aids e maquiagens para disfarçar tudo. Nunca dura. E eu nunca aprendo isso. NUNCA! 


Já ando aqui olhando pra trás, sem piscar ou disfarçar. Desbloqueando sentimentos e acumulando vontades que eram nossas. Com um chicote nas mãos bato forte, inúmeras e inúmeras vezes, em meu peito na insistência que este coração pesado saia de mim e me alivie a alma. Jogo as memórias no chão, quero pisoteá-las todas, para não ter mais o que lembrar. 

Agora só me restou andar vestida de pequenas invejas, ciúmes descabidos e suspiros sem destino. Já não tem nós para tantas lágrimas e aqueles gritos de raiva. Trocamos fortes emoções por impulsos de nos manter longe. O filme já terminou e continuo aqui sentada com a pipoca no colo!

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

de controlar o mundo com as batidas do coração

Tem que ter coragem, minha gente. Toda, se possível for. Neste vai e vem de dias em que (graças à Deus) os muros estão caindo para as pessoas pararem de ficar em cima deles, ter um tanto de opinião faz da gente ser bem mais interessante e comprometido com as nossas coisas e as do Mundo.

Deixar de peitar as situações que nos são impostas, além de um trágico tempo de acomodações, podem trazer uma série de pesos e apertos no coração. Ainda mais para pessoas como nós, acostumadas a sentir as mais diversas pulsações e a traduzir os sussurro alheios.

Precisamos parar de nos sufocarmos em silêncios e corrermos o mais rápido para a linha de chegada dos nossos sonhos. Muitas assuntos que me eram prioridades (ou, que eu tratava como tal), já não me perturbam mais pelo simples fato de que parei de ver o mundo em cinza.

Tranquilizar o pensamento e balançar o ímpeto já é um caminho gostoso a ser feito para encontrarmos soluções que nos façam suspirar. Corajosos também são os que não têm medo de errar, de mudar de opinião...e, mais do que tudo: ter opiniões para mudar. Colocar pimenta no tempero da vida torna tudo mais avassalador.

Como quem quer quase nada, a gente vai chegar a ter um tanto de histórias para se orgulhar. Desapeguei mesmo do que não me fazia falta ou daquelas tantas funções que me sobravam, continuei só com o que cabia em mim!


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

das tentativas da alma da gente

Já faz tempo, e eu nem tenho feito muito. Está tudo errado assim. Eu bem sei!

É que, para te explicar melhor, tenho gastado meus dias a sonhar. São tantas essas vontades que tenho até confundido o que sempre quis, com os meus novos desejos. Se bem que essa parece ser a única coisa certa que ando a fazer: lutar para me transformar mais em mim.

Confesso, não está sendo nada delicado tratar disso. Diferente do corpo, quando a alma cresce, não é só a pele e os ossos que entram em processo de sacrifício. Juro que parece que, por vezes, a sensação é de estar caminhando na rua e perder o rua: realmente não saber o que se é, para que direção mirar ou ter seus pensamentos extraviados. 

Mas a parte não tão ruim disso, é que neste processo semi-cansativo, a gente vai arrecadando sorrisos, compartilhando histórias e criando novas memórias. E, é desta forma que os corações que batem em sintonia com o nosso, nos levam para adiante...para lutar o bom combate. Eu aqui sempre os bendigo!