Quantas memórias que nos machucaram podemos guardar? O
coração tem algum prazo para deixar de manter sentimentos vazios mofando suas
paredes? E a nossa alma, por quanto tempo ela consegue se desvincular das
mentiras que nos foram contadas?
Já esqueci quem me
disse que tinha entrado em minha vida para 'consertar o que estava quebrado' ou
daquele que me sussurrou que 'era por mim que ele ainda continuava a respirar'.
Fiz esse favor a mim, apagar os nomes de todos. Mas as suas vozes, seus recados
e as tantas palavra jogadas como flechas para o meu peito... dessas não há
jeito de me livrar.
Porque insistem tanto em brincar em um jogo do qual sabe
que não irão até o fim? Qual a justificativa de plantar flores em um terreno
que não estarão (e nem querem estar) para a colheita? E o que resta de tudo
isso já sei bem: peças quebradas em um tabuleiro esquecido e flores murchas que
foram regadas a lágrimas.
E, foi assim, de abandono em abandono, que comecei a
trajar armaduras mais resistentes e menos ornamentadas para, em meu castelo com
paredes vazias de cores e de quadros, receber meus amores.
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