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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

do que não é sabido


Espalhando aqui este texto absolutamente pertinente, que cabe há muitos de nós.


A força do acaso
 [Ivan Martins]

Tem gente que acredita em destino. Eu acredito que é o acaso quem rege a nossa existência de forma quase absoluta. 

Penso no encontro acidental dos nossos pais, no desejo que poderia não ter surgido entre eles, no espermatozóide que chegou à frente de milhões de outros na corrida mais importante das nossas vidas. Quanto disso foi planejado? Nada, assim como costumam ser acidentais os nossos próprios encontros amorosos, a concepção dos nossos filhos e as circunstâncias imprevistas que nos levam a fazer amigos importantes, escolher carreira e definir a cidade onde iremos morar. 

O imprevisto invade a nossa vida enquanto no debruçamos cheios de planos sobre o calendário do ano que vem. 

Acho o acaso tão importante que defendo que ele deveria ser incorporado aos nossos critérios de eleição afetiva. Não adianta observar os candidatos a parceiros apenas em situações controladas, como se o amor fosse um experimento de laboratório. Se o sujeito a convidou para jantar, teve três dias para arranjar as coisas e aparece (cheiroso e bem vestido) com uma rosa vermelha e reservas para o bistrô mais concorrido da cidade, ponto para ele por Organização & Método – mas isso não deveria encerrar o período de observação. 

Para saber quem realmente é o cara, melhor seria estar com ele na noite em que o pneu do carro furasse na Marginal. Ele respira fundo, sorri para você e desce para resolver o assunto ou, tudo ao contrário, se põe a dizer palavrões em voz baixa e reclamar que não deveria ter saído de casa – culpando você, indiretamente, pelo contratempo? 

Qualquer mulher pode ser encantadora num fim de semana de outono no Rio de Janeiro em que não haja uma brisa fora de lugar, mas como ela reage quando a companhia aérea perde as malas e vocês ficam com a roupa do corpo em Buenos Aires, num frio de 11 graus? Eu gostaria de saber essas coisas antes de me apaixonar.  

Se o futuro pudesse ser desenhado numa planilha Excel, o melhor a fazer por si mesmo seria conquistar a analista de sistemas mais atraente da empresa e fazer dela a mulher da sua vida, mas nós sabemos que as coisas não são tão simples. Num mundo dominado pelo acaso, é importante ter ao seu lado alguém capaz de lidar com os imprevistos e as frustrações, porque eles vão se repetir o tempo inteiro. Planejar não é suficiente para ser feliz!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

das coisas que não temos

Assim como aparo meus gostos, tenho também total apego pelo meus desgostos. e essas contrariedades definiram e muito meu caráter. Não precisa muito e eu já não gosto de nada. 

Sou qualificada antecipar os bons momentos pra aproveitá-los logo e, dessa forma, os desgastes vem com tudo freneticamente tomando conta dos dias que não sabem disparar sossegados por aí.

Por essas razões, meu embaraço no andejar das relações que precisam de trato e atenção é todo feito. Candência parece ser só uma palavra bonita do que uma ação constante. Não precisa muito e eu já não gosto de nada. 


Sinto tanto bem querer por tais situações e me aperto nelas que nem sinto mais a hora de deixar rolar. Para completar a receita de tanta bagunça dos meus sentires, ainda tem a minha total falta de escolhas certas (ou do eu entendo por certo): é um ir e vir de corações que parecem estar sempre munidos das melhores palavras e das piores intenções. 

De começo eu não tenho medo desta avalanche de desejos de dias de sol e tulipas no campo. o ego toma o lugar do coração e fica saltitando a cada dizer. Depois, já embriagada e jogada nas mais impossíveis formas de ilusão, fantasio minha segurança e ponho vendas na minha coragem só pra não ter mais certeza de nada. por todo o tempo sentir muito, eu já não quero pedir nada e me deito nas delícias de ser levada. mas a gente se esbarra muito. 

Desentendo os corações que só batem à procura de próximas intenções. parece que o tudo que lhe é oferecido não chega a ser bastante. Aqueles que só se focam nas possibilidades perdem a graça de ver o caminho. Não há desenvoltura nesse passeio em que eu preciso mais do que chegar. Daí que entendo que não preciso de braços para me carregar, mas sim de impulsos para ir longe e ir junto.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

do que a gente espalha por aí


Descompromissados 
são os sorrisos que espalho por aí. 

Saídos dos lábios escancarados 
por pensamentos alheios.