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quinta-feira, 9 de junho de 2016

de carregar milagres


Tudo terminou comigo correndo para a rua indo respirar ar puro. Precisava disso, meu coração não aguentava mais estar tão intoxicado de tantas histórias inventadas. Não tinha mais situação perto de ti em que eu não pudesse deixar meu peito em paz. 

Os últimos tempos tinham se transformado num longo primeiro gole de whisky: tudo tão pesado e forte. Tudo pronto para me derrubar. Eu, que achei que já podia aguentar todos os porres, me vi tomada de uma ressaca como aquelas que os iniciantes têm. 

Minhas experiências em bebidas e casos desastrosos são assim: muito conhecida e nada recente. Mas aprendi, com tombos e ânsias, que até as garrafas que enfeitam o teu bar podem te levar ao chão sem cerimônias. Na verdade, é nelas que tu confia para os melhores momentos e esquece de certificar a data de validade quando vai leva-las à boca.

Agora não tem tido vez que eu ignore os prazos nos rótulos, o que me deixa sem saciar a sede por muito tempo. Esse foi o ônus seguro que eu me impus a viver. Por outro lado, são mais e mais situações em que posso respirar fundo sem arriscar poluir o coração. Ando sozinha, mas tenho carregado menos peso e vivido milagres particulares a todo o instante.