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sábado, 9 de abril de 2016

das fugas programadas

Tem situações que nos marcaram a vida, nos preencheram os dias e ocuparam nossa mente de uma forma tão forte que quando pesam demais no nosso coração a gente sai como se estivesse fugindo para não ver como acabou. Porque chegou mesmo ao fim, mas não quisemos sentir a dor e nem aguentar as pulsações que iam terminar dilacerando nossas ilusões.

Longe de mim sofrer tudo isso na hora do fim, eu deixo para depois. Deixo para o tormento se apossar do que resta de mim mais a diante, fazendo com que meu coração seja pisado homeopaticamente até minha alma estar suspensa no ar.

Igual aos filmes, fujo com o sorriso no canto da boca, uma lágrima de enfeite para sedução e esmagando meus desejos entre os dedos. Escondido em mim há um despenhadeiro em que me jogo quando estou sozinha, todo dia, depois de forjar alegrias para a multidão.

Entre pedidos de desculpas e promessas de um futuro melhor, respiro até o extremo da minha paciência, desejando um fim indigno para teu coração que bate em frente a mim. Digo, forçando mais alguns suspiros, que entendo tudo. Da porta para fora do carro, meus punhos cerrados agridem com o ar de uma uma forma que eu não soube agir em palavras.

Sigo falsa, dissimulada e fraca. Não sei soltar as panteras que me rasgam a alma e calar os milhões de lobos que uivam em meu peito. Ainda espero chegar  o dia de ousadia desmedida para gritar o quanto eu não estava errada e, que a culpa de tudo, sempre foi tua.