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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Re-Leituras!

Sou fascinada por leitura! E quando se trata de literatura, os meus olhinhos brilham quando correm pelas páginas dos livros.
Certa feita ouvi alguém dizer que "os livros são o alimento da alma". Concordo plenamente com essa concepção, presumo que a minha alma deva estar bem 'gordinha'.
Não há ada como Érico Veríssimo pra me fazer sonhar.
Juremir Machado da Silva pra me pôr contra mim mesma e me enfrentar a cada parágrafo lido.
Martha Medeiros pra satisfazer minhas ânsias.
Jô Soares pra me divertir, embaralhando personagens e histórias.
José Saramago pra me encher de dúvidas me apontando uma nova maneira de escrever e de interpretar ideias.
Jorge Amado pra me surpreender com um imaginário desconhecido e repleto de magia.
Paulo Coelho pra me enfeitiçar com uma literatura que me domina pela descoberta da palavra. Quase enxergo o que ele escreve, a forma está nos detalhes.
Isabel Allende pra me emocionar com uma realidade histórica e com sua sensibilidade que choca.
Jostein Gaarder para me mostrar o meu caminho. Ele e Sofia moldaram boa parte do meu Mundo. E por causa deles, ainda cuido minha caixa de cartas esperando por aulas de filosofia.
Stephen King pra me perturbar, afinal não há nada melhor do que desafios bem contados.
Gabriel Garcia Márquez para me fazer vibrar com personagens que saio a procurar por aí, de tão reais e verdadeiros. Sei que ainda vou me deparar com fatos que ele já descreveu.
Tabajara Ruas por me contar histórias que já vivi e que estão estampadas na genealogia de muitos gaúchos. Sempre recontando fatos que não me canso de saber.
Muito do que sou, foi escrito por eles!
E contigo...também é assim? Algum escritor(es) ou livro(s) te ajudou a compor o que é hoje? 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mais Tchê, menos Music!



Desde que o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) foi fundado no Rio Grande do Sul em 1967, cultiva valores e veta os movimentos de vanguarda que ousem burlar suas rígidas normas que zelam pelos costumes autênticos do povo gaúcho. Agrega em todo o Brasil mais de três mil CTG’s, entre outros centros de tradição gaúcha fora do País, mobilizando cerca de três milhões de pessoas engajadas nos ideais farroupilhas. É responsável pelo controle e coordenação de todas as atividades ligadas ao tradicionalismo, como a Semana Farroupilha, concursos de dança e música gaúchas, além de outras festividades que promovem o nome do Estado e da nossa cultura.
Uma estrutura sólida que está sendo abalada nos últimos tempos por uma peleia das brabas. A contrariedade ao mais novo modismo que anda solto pelo Rio Grande, a Tchê Music. Movimento este que não cumpre com algumas das regras impostas pelo MTG, como a adaptação de músicas vindas do axé, do sertanejo e do forró para o ritmo nativo, que prega o uso de bombachas mais apertadas e lenços estampados que fogem do padrão, além de serem a favor da utilização de gelo seco nas apresentações em CTG’s, coisa essa que é proibida, pois segundo a ala radical do MTG, isso é negócio de boate. Gerando a resistência do tradicionalismo mais autêntico.
Arranca rabos à parte, uma coisa é certa. Por mais que o MTG seja despótico em algumas situações, nesta ele está mais que correto. É obrigação dele e nossa preservar a tradição e banir tudo o que possa quebrar os nossos laços com o passado, fechar as porteiras para o que queira deturpar e distorcer uma cultura que se se mantêm o mais fiel possível de sua origem, mas claro, dentro de todas as possibilidades e com suas pequenas adaptações. Afinal, os tempos são outros, mas o espírito campeiro permanece firme e consciente de seu passado.
Renato Borghetti - Símbolo da música Tradicionalista

Mesmo que os adeptos desse novo estilo de cultura gaúcha digam que a Tchê Music só veio para somar às tradições e que está sendo uma grande difusora da marca gaúcha, gerando mais empregos para os nossos músicos e mais público para os nossos festivais. Nada disso me agrada. Vejo todo esse movimento como pura jogada de marketing, ‘coisa pra carioca ver. Deprimente! Temos que saber bem diferenciar tradicionalismo de modismo, pesando na balança da História o valor de cada um.
É de saber comum que a nossa música, e quase tudo que remete ao Rio Grande, não é bem quisto pras bandas de cima do País. Esse nosso jeito todo abagualado sempre foi visto com cara feia por aquela gente. Então o que temos hoje tocando nos grupos de Tchê Music é a música deles enlatada, made in RS. Ou seja, estamos retrocedendo no tempo, e indo contra todos os nossos lemas. Estamos sim nos sujeitando à forças inimigas, nos rendendo e aceitando o que não é nosso, e rejeitando o que lutamos bravamente para conquistar, a liberdade.
A música tradicionalista, aquela que exprime os anseios, as saudades, as conquistas e o amor do homem do campo, essa sim, é a nossa música. Tradução do nosso passado. Devemos mais que nunca honrar a verdadeira tradição nativista, pois “foi o vinte de setembro, o precursor da liberdade”. É pra tu ver né?! Essa gente tá procurando sarna pra se coçar, pena que se meteram com os macanudos errados. Agora já é tarde, nós já tocamo o mosquedo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não me Perguntes!


Neste meu último dia de folga no Alegrete, deixo aqui uma crônica do jornalista e escritor David Coimbra que muito me agrada e que desenha muito bem esse nosso bairrismo amor exarcebado por este chão.


Desfile Farroupilha do Alegrete/2010 - Foto: Márcia Pilar

Não me perguntes! 
            David Coimbra
     Meu pai era do Alegrete. Chamava-se Gaudêncio, nome bem alegretense. Pegava touro a unha, por Deus. Agarrava o bicho pelas guampas, derrubava-o na terra e o amarrava bem amarrado que escoiceada nenhuma o soltava.
     Meu amigo Amilton Cavalo é outro do Alegrete. O pai e a mãe dele também têm nomes gaudérios: Hormain e Oraides. Gaudêncio, Hormain e Oraides, ala fresca! Sei, por isso, que os alegretenses se acham especiais por serem alegretenses. O jornalista e professor Marques Leonan, mais um que se ufana de ter nascido nas quebradas do Inhanduí, sempre pergunta, quando alguém diz ser de lá:
- Mas tu és do Alegrete mesmo ou estás te exibindo?
E um dos nossos vice-presidentes aqui da RBS, o Afonso Motta, quando soube que meu pai se criou vendo o sol mergulhar no rio Ibirapuitã, me abraçou, comovido.
     - Eu sabia! - exclamava, batendo-me nas paletas. - Eu sabia!
     No Alegrete, quem não é jornalista é poeta. Ou derruba touro a unha. Ou é o maior contista do Brasil, como o Sérgio Faraco. Pois o Faraco, em priscas eras,
organizava o caderno literário da Gazeta de Alegrete. Da qual era editor-chefe um famosíssimo jornalista que ora refulge em Zero Hora, o Moisés Mendes. O Moisés era um guri, 18 anos de idade, e já luzia como editor. O Faraco, porém, dispunha de autonomia completa no caderno, ele decidia quem seria publicado ou não. Um leitor mandava um conto e o Faraco respondia através do jornal: "Tem condições de ser publicado, aguarde".
Ou: "Está fraco, vai para o arquivo-morto, tente melhorar".
Bom. Um dia, o Moisés escreveu um conto e mandou para o Faraco. Que só rosnou:
- Vai ser difícil.
O Moisés meio que perdeu as esperanças. Que fazer?...
Mas, meses depois, o Faraco chegou com a notícia:
    - Teu conto será publicado.
 O Moisés exaultou: - Que maravilha!
- Só que tem o seguinte - advertiu o Faraco: - Mudei o final.
O Moisés estacou: - Como assim, mudou o final?
- Mudei. O final é outro. Mudei – sentenciou o Faraco, e já se foi, nem deixando tempo para o Moisés argumentar.
    Coitado do Moisés ficou lá, a suspirar, pensando: o cara mudou o final do meu conto, ele estragou o meu conto... 
De fato, o conto saiu com final diferente. O Moisés não falou nada. Conformou-se. Tem o conto guardado até hoje, sente até algum orgulho dele. Afinal, foi um
conto arrematado pelo melhor do Brasil. Mas, o mais importante: um melhor do Brasil que é do Alegrete!

[Punto y basta!!!]

domingo, 19 de setembro de 2010

Retrato Campeiro

  Buenas indiada! |||||||||
 Já ando respirando ares alegretenses e aproveitando dos festejos farroupilhas.
Enquanto ando tropeando estâncias por aqui, tenho feito alguns registros pro pessoal aqui do Blog, do Twitter e do Orkut acompanharem.
 É só acessar este link → Twitpic. Ou acompanhar a hashtag #RetratoCampeiro pelo Twitter. Lá tou postando fotos que tenho feito sobre o que ando vendo nesta Semana Farroupilha, passando por Três de Maio, Santo Ângelo, Alegrete [e o Passo Novo - interior alegretense]. Um quebra costela e hasta luego.

Lenço Maragato - Foto: Márcia Pilar


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

E o Minuano levou...


Foto: Márcia Pilar [Desfile Farroupilha 2009]
  Nesta quinta-feira (dia 16), me vou pro Alegrete. Depois de quase cinco meses ininterruptos em Três de Maio [e em algumas outras cidades da região Noroeste], finalmente vou "ver o sol alegretense entardecer" . E como dizem meus queridos César Oliveira e Rogério Melo, "vou matar as saudades de rir e chorar", e como isso anda me fazendo falta. Até a terça-feira (dia 21), vou me dar ai desfrute de aproveitar a minha terra.
  Lá no Baita Chão muita coisa boa me espera. Além dos abraços do pai e da mãe, umas quantas gurias afoitas por novidades [e eu idem] e também um Desfile Farroupilha que é o maior do Rio Grande do Sul [e já que é assim, é o maior do Brasil e do Mundo. Punto y basta!].
  E como já ouvi muito por essas bandas aqui do Noroeste: "vocês do Alegrete se exibem demais!". Eu que nunca discordei dessa teoria, tenho outra pra rebater. Como é que não vou me exibir, meu povo? Porque quem não conhece o Alegrete, conhece muito pouco do Mundo!!!
  Meu próximo post já será feito na terra de Mário Quintana, Oswaldo Aranha, Paulo César Pereio, Nico Fagundes, Sérgio Faraco e Rui Ramos. Então, preparem-se! =Þ

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Amor Maior


O amor é um sentimento que não tem explicação. Ama-se por amar, e ponto final. Há amores que são suaves e outros são arrasadores e desconcertantes. E foi na poção deste último que Eros, o Deus do Amor, embebeu suas flechas para atingir os corações dos torcedores gremistas. Nada mais óbvio para se explicar o sentimento real e verdadeiro que eles sentem pelo Grêmio107 anos. Um amor fiel, enlouquecido, ardente e carinhoso que é capaz de superar altos e baixos, resistir às quedas e ser coroado com as maiores grandezas que podem ser concedidas.
A torcida gremista é uma das personificações da paixão, sempre acolhendo o time nos braços e o embalando rumo às grandes conquistas. Sempre presente, segue à risca os ensinamentos do mestre Lupcínio Rodrigues, autor do Hino Tricolor, que ali escreveu: “até a pé nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos com o Grêmio, onde o Grêmio estiver”. Iluminados pela centelha da vitória, esses apaixonados lotam estádios, entoam cantos e celebram vitórias com tanta garra, que parecem estar dentro do gramado com a bola nos pés. Seus gritos de incentivo são o tônico que fortalece os jogadores, impulsionando à grandes arrancadas e  passes geniais.
Essa torcida idolatra jogadores que são vistos como verdadeiros Deuses graças as suas jogadas mágicas e seus gols fascinantes. E como seres divinos habitam o Olímpico, a morada dos Deuses. Cabe a nós, meros mortais, adoramos estes heróis que mesclam a agilidade de Hermes, a destreza de Atena, o encantamento de Apolo, a força de Marte, a elegância de Afrodite e a soberania de Zeus.
O sangue azul que corre nas veias dos gremistas é símbolo da nossa realeza, herança dos nobres homens que construíram um Império composto de 11 reis, que no campo de batalha lutam pela glória de seu reino, dando alegria à seus súditos. Embates como esses são eternizados em troféus, estátuas e fotos. Mas a maior e mais representativa materialização dessas conquistas heróicas são os homens e mulheres que trajam o uniforme azul, preto e branco. São eles e elas os soldados que identificam a nação gremista, e que fazem dos jogos na Azenha um espetáculo. Onde, só o amor pelo Grêmio, pode ser maior que o próprio clube.
O Imortal Tricolor da Azenha completa 107 anos hoje. 
Grêmio, desde 1903 trazendo mais garra pro futebol e emoção pros seus torcedores.
Parabéns, e obrigada por tudo!

domingo, 12 de setembro de 2010

Vou com os outros


   Sou influenciável. E acho isso incrível!
    Saber tomar o que de melhor uma pessoa ou ocasião podem te dar é mesmo muito bom.
   
Deixar-se levar pelo que te faz melhor, é um quase deixar-se impulsionar. Eu fico quase louca depois de assistir um filme de fundamento ou quando acabo de ler aquele livro sabendo que arranquei todas as letras e colei em mim. E quando não é assim, não valeu à pena.
   
Com as pessoas também tem que ser igual. Arranque tudo o que puder delas, elas estão aí pra isso. E deixe ter suas ideias, vontades e ações arrancadas. Colabore!
   
Sei que sou um pouco de tudo que conheci, do que li, assisti e das pessoas com quem convivi [e até daquelas que nem quis ter muito]. E que já deixei um pouco de mim em muita gente.
   
   E quando se trata de pensamentos ou textos, isso é bem pulsante. Já escrevi uma monografia só por causa de uma frase:
"A palavra literatura funciona como a palavra mato: o mato não é um tipo específico de planta, mas qualquer planta que, por uma razão ou outra, o jardineiro não quer no seu jardim. Literatura talvez signifique exatamente o oposto: qualquer tipo de escrita que, por alguma razão, seja altamente valorizada" (ELLIS apud EAGLETON, 1997, p. 21-22).
  

   Acredite, eu pude construir muito só com essas duas coisinhas valiosas. E ando descobrindo outras tantas possibilidades por causa delas.

Imagino que todos nós queremos ser um pouco de tudo que gostamos.
Essa colcha de retalhos fica tão mais interessante e válida quando os bordados e recortes são desconexos, fora de combinação e sem encaixes.
Por favor, não se importe em se enrolar com ela.
 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Muito prazer, eu tenho medo!

   Quando conhecemos uma pessoa queremos sempre saber do que ela gosta e quais são seus sonhos. Mas não perguntamos sobre os seus medos.
   Ao conhecemos nossos namorados, na praia ou num café, em meio às questões sobre o signo, a profissão ou se gosta de tal música, porque não perguntamos: “do que você tem medo?”. Nos almoços em família, quando todo mundo está conversando sobre as férias, o emprego e o casamento da amiga, porque não levantamos a voz e perguntamos o que aflige cada um?
   É estranho, mas saber dos medos dos outros não soa muito bem. Nunca me perguntaram o que me assusta, seja de dia ou de noite. Os medos parecem ser eventos particulares que só são divididos para serem superados. Quem, além de ti, sabe o que te assusta?
   No meu orkut, twitter ou msn não está estampado: sou jornalista, gosto de livros e tenho de medo de palhaço. Sim! Eu tenho medo de palhaços. O nome disso é Coulrofobia. É assim desde que eu era criança, e se agravou quando fui levada a um circo e estive com aquela figura apavorante na minha frente. Aquelas cores, o sorriso vermelho inerte, a tristeza que todos escondem atrás daquela maquiagem. Aquele senso forçado de divertimento. 
   Eu não tenho medo das pessoas, ou melhor, do que  se pode enxergar nas pessoas. Minha única restrição é essa, pessoas que se vestem de palhaços.
   Ninguém me tira da cabeça que aquela risada, os sapatos de tamanho descomunal, os cabelos coloridos e a incrível vontade de se fazer notar não são coisas pra se assustar! Não, não sofri nenhuma influência dos filmes de terror. Meu medo vem bem antes disso. Mas não discordo que os palhaços sejam ótimos vilões!
   Palhaços não me fazem rir. Quando eu era menor, faziam chorar e correr de medo. Hoje, eles são pra mim criaturinhas de quem eu só quero estar longe. Aniversários com decoração de palhaço eu já fico assim, assim. Não acho bonito, muito menos engraçado. Acho de mau gosto. É como se enfeitassem a festa com desenhos de, sei lá... a Mula-Sem-Cabeça!
   Mas o que é o medo? O que pode aterrorizar uns, para outros é um prazer. Muita gente se espanta só de ouvir histórias de vampiros. Eu adoro ler histórias de vampiros, sempre adorei. Quando tinha cinco anos a minha diversão na TV pelas manhãs, era o Show da Xuxa ou os desenhos da Luluzinha. Mas de noite, eu ficava encantada pela novela Vamp.  O que foi evoluindo para a leitura de livros como os da Anne Ricce, André Vianco e Bram Stoker [tudo muito antes de Edward e Bela, entendido?].
   Enfim, os medos são relativos. Há quem tema palhaços e ache vampiros algo divertido. A questão é que as vezes escondemos isso, só pra gente. Será medo de mostrar o quão vulneráveis e bobos somos? Pode ser sim. Montamos a nossa fortaleza e nos preparamos para encarar o que nos intimida sozinhos. Ou então nos refugiamos tanto para não lutar que acabamos maquiamos nossos medos.
   E você, tem medo do quê? Descubra!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Para os que já nasceram completos... ou quase!

Onde está escrito que precisamos namorar sempre? Não ter ninguém ocupando a outra cadeira à mesa ou lhe deixando recados fofos, não é um caso de anormalidade. Pelo que sei ninguém é apontado na rua porque não tem namorado. Ao contrário, os que muitos têm é que são.

Solteiros, por opção ou destino, devem aproveitar para se lembrar que também é muito bom estar sozinho. Seja pela parte da dita “liberdade”, pela sensação de controle emocional ou por simplesmente gostar da solteirice. Ser solteiro não remete, também, a ser sozinho, até porque enquanto não se acha a metade da laranja, dá bem para se arranjar com a metade do limão!



É tão chato quando param pra você e perguntam “E o namoradinho?”. E quando vem a resposta negativa, surge aquele olhar interrogador que chega a gritar “Como não?”. Gente doida! O mais feio é quando você mesmo dizendo que é solteiro, tem sempre alguém que insiste que deve ter algum casinho por aí e que quer esconder. Santa paciência! Estou para ver onde está escrito que todo ser humano com idade que permita relacionamentos amorosos tenha que namorar.

As pessoas são tão mais elas quando estão solteiras, parecem que se permitem mais. Não estou afirmando que os namorados/casados/juntados são tediosos ou que, muito menos defendendo a solteirice. Só estou apontando que ser solteiro é ser feliz e que não é porque você não tem um(a) namorado(a) que você seja uma pessoa triste, à caça de um novo partido ou que ache que a vida só vai ter sentido quando tiver alguém ao seu lado. 

Até porque, segundo o dicionário, solteiro é quem não é casado.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Os Setembrinos

Quando o mês de setembro chega, um inusitado movimento toma forma e voz por essas bandas aqui do Sul. São os chamados setembrinos, pessoas que se tornam tradicionalistas somente por essas épocas.
Certo que é inevitável não entrar neste clima gauchesco que toma conta de todo o Rio Grande do Sul: entoar os clássicos da música nativista ou, pelo menos, se orgulhar de ver milhares de pessoas honrando a tradição que nos foi legada. Mas o que me incomoda, é o fato dessa identidade gauchesca tornar-se evidente somente quando as comemorações farroupilhas se dão por iniciadas. 
Os gaúchos de ocasião são aqueles que se lembram da existência das botas e das bombachas quando o Estado inteiro já está pilchado desde sempre. São os que pensam que usar vestido de prenda e tomar chimarrão é ser fashion, ou como diria um bom taura: estar nos trinques e ser achar mais linda que laranja de amostra. E que desfilar montado num pingo no dia 20 de Setembro é sinal de status Os viventes ficam mais exibidos que solteirona em festa de casamento.
O preocupante é que esse tradicionalismo é de momento. Afeta muito os que realmente peleiam pela causa farrapa e cultivam as tradições de um povo que guerreou, acima de tudo, pela liberdade de sua gente. E que até hoje lutam pela conservação da memória dos ritos e da cultura. 
Ser tradicionalista não é somente falar um “Bah” ou subir num potro uma vez que outra, somente para afirmar suas origens. Ser tradicionalista é sentir a centelha farroupilha aquecer os nossos corações o ano todo ano, e não só uma vez por ano. Não é apenas se sentir gaúcho, mas sim agir como o tal. Defender sua terra e suas ideologias. Lutar, e se possível vencer. Cultuar os hábitos de nossos antepassados, e perpetuá-los. Falar que é gaudério e orgulhar-se. E como diz o meu povo lá do Alegrete: “Grosso não, sou tradicionalista!”.
Para os Setembrinos, fica um recado de gaúcha pra gaúchos: como o nosso próprio Hino afirma “não basta pra ser livre/ ser forte aguerrido e bravo/ povo que não tem virtude/ acaba por ser escravo”. Então piazada, sejam gaúchos de coração e de causa em todas as ocasiões. Berrem em alto e bom som o amor que sentem por este baita chão e se toquem’ pros ‘pagos quando a saudade apertar. Ser tradicionalista é manter viva a alma e os ideais de 175 anos atrás e não se entregar jamais.
“Não tá morto quem peleia”, dizia uma ovelha no meio de dez cachorros. Por isso indiada buena, se bandeiem pros lados daqueles que estão fazendo o Rio Grande ultrapassar fronteiras e se abancar no rincão de cada gaúcho perdido por esse mundo velho sem porteira. Mas se aprocheguem logo viventes, que o dia 20 tá por perto.  
Oigaletê, porquera!