Quando o mês de setembro chega, um inusitado movimento toma forma e voz por essas bandas aqui do Sul. São os chamados setembrinos, pessoas que se tornam tradicionalistas somente por essas épocas.
Certo que é inevitável não entrar neste clima gauchesco que toma conta de todo o Rio Grande do Sul: entoar os clássicos da música nativista ou, pelo menos, se orgulhar de ver milhares de pessoas honrando a tradição que nos foi legada. Mas o que me incomoda, é o fato dessa identidade gauchesca tornar-se evidente somente quando as comemorações farroupilhas se dão por iniciadas.
Os gaúchos de ocasião são aqueles que se lembram da existência das botas e das bombachas quando o Estado inteiro já está pilchado desde sempre. São os que pensam que usar vestido de prenda e tomar chimarrão é ser fashion, ou como diria um bom taura: estar nos trinques e ser achar mais linda que laranja de amostra. E que desfilar montado num pingo no dia 20 de Setembro é sinal de status Os viventes ficam mais exibidos que solteirona em festa de casamento.
O preocupante é que esse tradicionalismo é de momento. Afeta muito os que realmente peleiam pela causa farrapa e cultivam as tradições de um povo que guerreou, acima de tudo, pela liberdade de sua gente. E que até hoje lutam pela conservação da memória dos ritos e da cultura.
Ser tradicionalista não é somente falar um “Bah” ou subir num potro uma vez que outra, somente para afirmar suas origens. Ser tradicionalista é sentir a centelha farroupilha aquecer os nossos corações o ano todo ano, e não só uma vez por ano. Não é apenas se sentir gaúcho, mas sim agir como o tal. Defender sua terra e suas ideologias. Lutar, e se possível vencer. Cultuar os hábitos de nossos antepassados, e perpetuá-los. Falar que é gaudério e orgulhar-se. E como diz o meu povo lá do Alegrete: “Grosso não, sou tradicionalista!”.
Para os Setembrinos, fica um recado de gaúcha pra gaúchos: como o nosso próprio Hino afirma “não basta pra ser livre/ ser forte aguerrido e bravo/ povo que não tem virtude/ acaba por ser escravo”. Então piazada, sejam gaúchos de coração e de causa em todas as ocasiões. Berrem em alto e bom som o amor que sentem por este baita chão e se toquem’ pros ‘pagos quando a saudade apertar. Ser tradicionalista é manter viva a alma e os ideais de 175 anos atrás e não se entregar jamais.
“Não tá morto quem peleia”, já dizia uma ovelha no meio de dez cachorros. Por isso indiada buena, se bandeiem pros lados daqueles que estão fazendo o Rio Grande ultrapassar fronteiras e se abancar no rincão de cada gaúcho perdido por esse mundo velho sem porteira. Mas se aprocheguem logo viventes, que o dia 20 tá por perto.
Oigaletê, porquera!
AI, Bárcia, é que nem o Natal... não quer dizer que as pessoas sejam menos cristãs porque comemoram mais no Natal... no resto do ano elas não abandonam a fé delas. Mas também não exaltam com festejos... eu, pelo menos, tenho orgulho de ser gaúcha o ano todo! =D E olha que nem saio a cavalo em Setembro... (BÁRCIA, EU NUNCA MONTEI NUM CAVALO, E AGORA, BÁRCIA, O QUE EU FAÇO?!)
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