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terça-feira, 13 de maio de 2014

do que se acha perdido

Foi só agora que parei para assoprar a poeira que estava sobre a minha máquina de fazer tan tans. Há muito este lugar anda esquecido e, por isso, o abandono provoca negligências avassaladoras em outros tantos lugares. 

Soterrado em memórias e quase sendo rasgado por sonhos não realizados, ele quase não recebe as luzes que entram pelas frestas dos olhos e quase se faz surdo pras gargalhadas que ecoam lá fora. Foi assim, pra não sofrer...se fechou. Eis o caso de uma fera que se enjaulou.

Ele se achou fora de moda, E, ao contrário de muitos semelhantes que conhece, não quis usar máscaras ou se disfarçar. "Isso não funciona pra mim", pensou ele antes de se esvaziar. Num envelope ficou guardando, de pouquinho em pouquinho, a coragem e a ousadia. A habilidade de se surpreender ele jogou bem alto e não viu onde caiu. Com a força que ainda tinha, apertou bem a tampa do potinho onde deixou, quase sem ar, as decisões.

Não sei se foi ontem ou há décadas que o encontrei assim. Na verdade, ele é daqueles reincidentes. Parece que nunca aprende. Qualquer coisa é motivo. Más há aqueles pontos em que tudo muda, e aí meus caros, eu levo ele para passear com outra máquina de fazer tan tan. E assim sinto todo o meu coração!