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quinta-feira, 1 de março de 2018

sobre conexões


Existe um oceano entre mim e ele. E como eu queria que isto fosse apenas uma figura de linguagem. Mas é isso mesmo, tem de se ir muito longe para se estar um tanto mais perto. Levou um tempo para que nós dois estivéssemos dentro de um abraço. Tudo ia além. E quando os sentimentos vão além, a gente percebe.

imagem: themoonofsimplicity.tumblr.com
Nosso amor nasceu moderno: entre bytes, pixel e horas de conexão compartilhadas entre fuso-horários. Vimos a tecnologia evoluir sob nossos dedos no teclado e nossas tentativas de uma transmissão de vídeo decente. E como explicar para as pessoas que, em algum lugar do mundo (no qual tu jamais colocou os pés) bate um coração atrás da tela de um computador e ele está em sintonia com o teu?! Ninguém entenderia, nem eu! Mas é comigo, e bem sei o quão real tudo isto é.

Anos e anos (e mais alguns anos) nos ensinaram a lidar com este oceano, com uma vida semi-encaminhada que cada um construiu para si, com os outros alguéns que apareceram e desapareceram com a mesma frequência. E, com aquele sentimento que ajudava a respirar: a esperança de encurtar distâncias. Por uma noite, o mundo foi todo nosso.

Sem fronteiras. Sem janelas de um chat para serem fechadas, só aquelas que tiveram de, apressadamente, serem abertas para deixar o ar entrar. De plano de fundo agora só as nossas fotos em um país tão antigo quanto as nossas origens, e não da tela do computador. Foi assim que transformamos o touchscreen em uma tecnologia muito mais eficiente: as minhas mãos tocando a pele dele, ao vivo, a cores e com uma definição de imagem jamais vista (só por nós dois). Sem a necessidade de gastar dados ou wifi, nos conectamos à melhor rede social que existe: dentro de um abraço. Interatividade em seu mais alto grau de eficiência. Mesmo que a memória de nossos corações fosse infinita, nós sabíamos que o tempo de conexão compartilhada tinha limite. Ainda mais quando se opera em roaming.

Vai chegar a hora que iremos parar de inserir códigos de DDI nas ligações por celular, que não vai ser preciso mais perguntar a quantas horas de diferença estamos (para que ninguém acorde o outro de madrugada) e que possamos compartilhar a internet do mesmo modem. 

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